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O concelho de Torre de Moncorvo tem 8572 habitantes distribuídos por 13 freguesias numa área de cerca de 532 km2.
Criado no séc. XIII, o concelho tem origem medieval no antigo concelho de Santa Cruz da Vilariça. D. Dinis, em 1285, que concede carta de foral a Torre de Moncorvo, dotando a vila de castelo e muralhas.
Do séc. XV ao XVIII o concelho viveu uma grande fase de prosperidade devido à produção do linho cânhamo, da cultura da vinha, azeite, seda, lã, amêndoa e da exploração de ferro.
No séc. XVI e na sequência da divisão administrativa do reino passou a sede de uma das 4 comarcas de Trás-os-Montes, que chegou a abarcar 26 vilas e 182 freguesias, com 96 km de extensão e outro tanto de largura, indo até terras de Chaves e Amarante.
Torre de Moncorvo foi também, no séc. XIV, sede de Rabinato de Trás-os-Montes, herança essa muito forte e ainda visível não só na antiga sinagoga, nos doces de amêndoa, no Lagar da Cera de Felgueiras como nos nomes da ruas da vila.
Os rios Sabor e Douro são uma marca na paisagem deste concelho. Não menos importante é o Vale da Vilariça, apelidado de "Vale do Nilo" Português, que do ponto de vista agrícola é um dos mais produtivos do país.
Uma grande parte do concelho tem um microclima mediterrânico que lhe confere aptidões naturais para o cultivo da vinha, oliveira e amendoeira.
Integra uma região onde se produzem excelentes vinhos generosos, o melhor azeite do mundo, e que é também a maior produtora de amêndoa no País.
Uma das maiores jazidas de ferro da Europa, situada na Serra do Reboredo, poderá a médio prazo ter um papel importante na economia da região.
O concelho de Torre de Moncorvo situa-se a sul do distrito de Bragança, está localizado na Sub-região do Douro Superior e é atravessado pelos rios Sabor e Douro.
A norte faz limite com os concelhos de Alfândega da Fé, Mogadouro e Vila Flor, a Ocidente com Carrazeda de Ansiães e a nascente com Freixo de Espada à Cinta. O território está distribuído por cadeias montanhosas, zonas planálticas, vales e encostas arborizadas.
A Mata Nacional da Serra do Roboredo encontra-se revestida de um manto de espécies variadas e manchas de pinheiros, medronheiros, castanheiros, sobreiros e carvalhos. Mas o Reboredo possui também uma das mais importantes jazidas de ferro da Europa, que se estende por uma extensão de cerca de 10 Km.
Destaque ainda para as terras férteis do vale da Vilariça, que contrastam com as terras de montanha.
Possui dois microclimas, junto aos rios Douro e Sabor e Vale da Vilariça com temperaturas muito elevadas no verão o que possibilita o desenvolvimento da cultura da amendoeira, oliveira, e vinho; e nas zonas mais altas que atingem no Inverno temperaturas negativas onde predominam os castanheiros e os carvalhos.
O concelho, numa grande extensão, é abrangido pela Região Demarcada do Douro e, numa pequena extensão, pela área classificada como Património da Humanidade, pela UNESCO. As freguesias situadas nesta parte ocidental e meridional do concelho são produtoras de vinhos de excelência.
Numa altaneira torre da Vilariça, já em terras do actual concelho de Torre de Moncorvo, vivia um jovem fidalgo chamado Mem Corvo. Era o ano de 1062 e Fernando I, o Magno, rei de Leão, atacava os Mouros na Estremadura. A chamada Reconquista Cristã começava a dar um novo desenho às nações peninsulares e tardaria meio século até à formação de Portugal com Estado independente.
Assim, à torre maior da Vilariça chegou, afogueada, uma jovem moura pedindo protecção a Mem Corvo. Este recebeu-a e ficou a saber que Pêro Antunes, um castelão das vizinhanças, a perseguia tenazmente. Acabou por dar protecção à bela Zaida, porém com a condição de ela se cristianizar e baptizar-se Joana. Comprometia-se o fidalgo a catequiza-la. Obviamente que tamanha aproximação entre os jovens suscitou uma paixão mútua e, baptizando-se Zaida em Joana, eles combinaram o casamento. Porém, nas vésperas da boda, uma doença grave atacou a noiva, aliás a doença dos linhos, que grassava em parte da população. O médico alvitrou que Joana se salvaria, no entanto uma conversa entre os noivos abalou as convicções de Joana. Quios ela saber porque Mem insistia no nome que lhe pusera, tendo ele confessado que amara uma sua prima assim chamada, só que a morte a levara ainda com 13 anos de idade. Tentou ele ainda afastar este temor da cabeça da noiva, mas ela deu em cismar que não passava da memória de um antigo amor de Mem Corvo. Este disse-lhe que, para lhe melhorar os ares, mandara erguer uma torre para moradia de ambos nuns terrenos não habitados retirados dali e que com eles iriam várias famílias. Chamaria a esse sítio Terra de Joana. Porém, Joana estava demasiado cismática, pelo que, agravando-se o seu estado de saúde, morreu. É assim que nasce Torre de Moncorvo, esta vila trasmontana, tal como hoje a temos. E pensar que esteve a ponto de se chamar Terra de Joana...
In País Português Terras Lendárias - Lendas de Trás-os-Montes e Alto Douro de José Viale Moutinho e Maurício Abreu, Esfera da Caos Editora, Março 2007.